Cyberbullying – Um perigo real.

Na era digital em que nossos jovens vivem, é comum que nossas preocupações, como pais e educadores,  também se estendam para os meios virtuais. O cyberbulling, termo vindo do inglês, consiste no envio repetitivo de mensagens para celulares, e-mails, recados em blogs e em redes sociais que contenham fotos, áudio ofensivos e humilhantes entre crianças e/ou adolescentes. Essa prática é considerada como uma violência grave e não pode ser encarada como uma simples brincadeira uma vez que esse tipo de agressão causa sérios prejuízos para o desenvolvimento psicológico, físico e emocional das vítimas.

Ainda que o bullying presencial venha muitas vezes acompanhado do virtual, no cyberbullying os rastros digitais, ou seja, os registros dessa prática violenta, podem ser fáceis de encontrar e úteis na identificação do(s) agressor(es). Essas provas podem ser usadas contra quem praticou a violência, respondendo judicialmente por elas.

OS EFEITOS DO CYBERBULLING NA SAÚDE MENTAL E FÍSICA

O bullying, quando realizado de forma virtual, pode surgir por todos os lados e a criança/adolescente se sente atacado inclusive quando está em casa. Cria-se a sensação de que não é possível escapar e os efeitos são negativos e duradouros:

  • Mentalmente – a criança ou adolescente sente-se constrangida, incapaz, chateada e por vezes com raiva.
  • Emocionalmente – sente vergonha e perde interesse por atividades que antes lhe davam prazer.
  • Fisicamente – Frequentemente se sente cansada, pode vir a ter insônia ou tem sintomas como dor de barriga e de cabeça.

A vergonha que esse tipo de assédio causa pode impedir as vítimas de falarem sobre o assunto ou lidarem com o problema. Em casos mais extremos, o cyberbulling pode levar pessoas a cometer suícidio. Porém, ainda que ele possa afetar nossos filhos de várias formas, se combatido, as pessoas podem recuperar a confiança em si mesmo e, consequentemente, voltam a ser saudáveis.

COMO AJUDAR?

– SEJA O EXEMPLO E PROPONHA REFLEXÃO: Seja você um exemplo para o seu filho de bom uso da internet e das redes sociais. Não dissemine discurso de ódio em suas redes, recrimine sempre essa prática dentro de sua casa e esteja atento ao levantar essa questão entre vocês: há alguém do outro lado da tela que pode se sentir agredido pelas palavras que escrevemos, quão responsáveis somos pelo bem-estar dos outros? Discurso de ódio é opinião ou apenas uma forma de externar nossa violência?

– RELEMBRE QUE DISCURSO DE ÓDIO NÃO É OPINIÃO: Racismo, xenofobia, homofobia, misoginia são crimes, não são opiniões. Relembre isso ao seu filho sempre que assuntos como esses forem levantados entre vocês.

– APOIE A POSTURA INVESTIGATIVA DE SEU FILHO: Quando seu filho chegar com uma notícia que soe muito polêmica e/ou pouco crível, proponha realizar uma investigação por outras fontes de informação antes de continuar a discutir sobre ela. Uma maneira razoável de identificar uma fake news é observar como aquela notícia nos faz sentir: se ela causou muito medo e/ou revolta, é importante checar em outros lugares se ela realmente é verdadeira, pois geralmente as fake news são apelativas e têm o objetivo de causar pânico. As fake news são combustíveis para o cyberbullying.

– SE ABRA PARA O DIÁLOGO: É importante que pais e educadores estejam atentos e abram o canal de diálogo sobre o assunto para que crianças e adolescentes não vejam a necessidade de esconder os fatos caso estejam passando por ataques de cyberbullying. Quando seu filho ou aluno confia em você e pode conversar sobre seus sentimentos, isso abre possibilidades para que as atitudes necessárias sejam tomadas para interromper e punir os agressores.

Segundo a Safernet, uma organização que promove o uso seguro da internet, os professores que souberem ou testemunharem casos na escola podem intermediar a conversa com os pais (das vítimas e dos agressores) para sanar o problema. Muitos pais já se encontraram em situações delicadas e foram obrigados a pagar indenizações por seus filhos terem ofendido colegas ou professores pela Internet. (“Criança vítima de cibercrime | Safernet Brasil”). Leis contra o cyberbulling são relativamente novas e não existem em todos os lugares. É por isso que diversos países apoiam leis contra o assédio para punir, também, os agressores virtuais.

                É importante lembrar que crianças e adolescentes NÃO praticam crime. Quando há algo tipificado como crime no código penal, este é considerado um ato infracional, no qual há a responsabilização da criança ou adolescente preservando a singularidade de pessoas em fase inicial de desenvolvimento. Medidas de proteção e/ou socioeducativas podem ser aplicadas. Todavia, é importante não esquecer que a punição nem sempre é a forma mais eficiente de mudar o comportamento dos agressores. É necessário focar em consertar o dano e conciliar o relacionamento para que hajam mudanças reais.